No dia 23 de abril, dia mundial do livro, arrancou a campanha de recolha de livros, na Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, destinada ao Mbanje do livro. O Mbanje do Livro é uma Biblioteca Comunitária, sem fins lucrativos, localizada no Namibe – Angola, que surge como uma alternativa às dificuldades que existem no que diz respeito ao acesso aos livros naquele contexto social. Infelizmente, uma boa parte da população não tem condições para ter acesso a este tipo de objeto/luxo. Por um lado, porque não existem políticas públicas que promovam e facilitem esse acesso em massa; por outro lado, devido à situação de vulnerabilidade socioeconómica de muitas famílias, onde a prioridade é garantir o mínimo possível para a sobrevivência, ficando de parte gastos com a aquisição de livros.

 O Mbanje do Livro foi inaugurado no dia 26 de Fevereiro de 2021, desde então tem servido a comunidade do bairro em que está localizado e não só. A biblioteca é aberta a todas as pessoas e o acesso é gratuito. 

Tive contato com este projeto, o Mbange do Livro, apenas em setembro de 2020, através do Facebook de uma antiga aluna, hoje minha colega de profissão, e umas das três responsáveis do Mbanje do livre. Este artigo, tem o propósito de vos falar da campanha de recolha de livros, mas também, dos encontros e da importância da passagem de testemunho, de convicções, de ideias, de amor… Essa minha antiga aluna, que hoje é minha colega, chama-se Leopoldina. Conhecia-a em 2011 no Namibe. Eu era formadora da disciplina Educação Visual e Plástica na Escola Patrice Lumumba, e ela era aluna do curso de Português, via ensino, nessa mesma escola. Nunca foi minha aluna diretamente, mas conheci-a bem. Era aluna da disciplina de Literatura lecionada por um colega do meu projeto, o professor Miguel Gullander.  Professor e também escritor, que tem o dom da palavra e da escrita, tem a capacidade de nos levar a passear pelas suas histórias, reais ou fictícias. Nessa altura, em 2011, o Miguel tinha uma micro biblioteca na sua casa com livros que considera fundamentais para os seus alunos. Tal como funciona numa biblioteca qualquer, aquele livro era emprestado aos alunos para que pudessem enriquecer os conteúdos que eram lecionados na sala de aula. Ainda que fosse uma micro biblioteca, o certo é que serviu de tal forma o seu propósito, que este ano, 2021, numa reunião com a Leopoldina, ela mencionou esses livros, do seu professor Miguel, da mensagem que este lhes passara, e do quanto ela gostava de ser para os seus alunos e para os meninos do seu bairro, como o seu professor foi para si.

Assim, esta campanha de recolha de livros, podia até ser só uma campanha de recolha de livros, só que não, é um bocadinho mais que isso.

Este projeto está a ser dinamizado pelas turmas do curso de Artes Visuais da escola, 10°S, 11°R e 12°O no âmbito da Cidadania e desenvolvimento. 

Para participar, solicitamos que deixem os vossos contributos, em forma de livros nas caixas que se encontram disponíveis nos blocos A, B, C e D, até dia 31 de maio.

-Joana Brito

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