Lua e Sol: Uma Metáfora Amorosa

Lua e Sol, dois astros importantes para o nosso belo planeta terrestre, os dois astros já e ainda são duas “estrelas” do nosso dia a dia, mostrando ao longo dos tempos o quanto estes foram endeusados e usados como metáforas de amores profundos ou complicados durante a história literária, musical e poética. Simplesmente magnífico não é? Já ouvi frases encantadoras para se dizer a pessoa que você ama com esses astros envolvidos, por exemplo: “Hoje a lua está linda”, e o engraçado dessa frase é que pode ser dita numa noite onde a lua não está transparecendo e a pessoa que não sabe pode responder “Mas hoje não há lua”, mas as pessoas que sabem essa expressão e têm sentimentos recíprocos dizem: “As estrelas também.” 

Essa expressão teve origem na cultura japonesa e na literatura, onde expressões poéticas e indiretas eram frequentemente usadas para expressar sentimentos profundos, por exemplo, o amor. Desta forma é subtil dizer “eu te amo” para alguém que você ama. A frase foi atribuída ao famoso escritor japonês Natsume Sōseki (1867-1916). 

A resposta “as estrelas também” surge como um complemento poético. Ela pode ser interpretada como uma forma de dizer “eu também te amo” ou de reafirmar a reciprocidade dos sentimentos, mantendo a sutileza e o romantismo da expressão original. Essa troca carrega uma profundidade emocional que se conecta com a maneira japonesa de se expressar através da beleza da natureza.

Um dos outros exemplos, agora musicais, são as belas músicas que contém essas metáforas amorosas, uma delas é “O Sol e Lua” do Kamaitachi (2022), que reflete e explora a relação simbólica entre as duas identidades celestes, representando metaforicamente a conexão entre duas pessoas, que constroem um papel muito importante na vida um do outro, assim como o equilíbrio da nossa via láctea. O refrão viciante invocando a Lua repetidamente mostra que o sujeito poético quer que ela mostre mais sua verdadeira essência, sem medo de se revelar ao mundo. 

Uma outra obra musical com o mesmo nome “O Sol e a Lua” (2012), representa algo mais profundo e diferente, sendo composta pela banda Pequeno cidadão, corresponde a uma narrativa lúdica que explora a temática do amor não correspondido do Sol pela Lua, o Sol insistindo e insistindo tentando capturar o amor da bela Lua para si, mas ela insulta-o e ignora-o, deixando-o extremamente frio com sua relutância implacável. Essa música apresenta a analogia com relações humanas complicadas, sendo bem interessante ao meu ver e bem controversa a música anterior.

Muitos poetas também aproveitaram desses corpos celestes repletos de amor e confusão para fazerem poemas apaixonantes ou sofridos, um dos exemplos é Fernando Pessoa com seu poema atribuído ao heterônimo Alberto Caeiro, ele cita: 

“O sol aquece e faz luz sem querer e nós,

se não quisermos, vemos, ou somos cegos.

A lua começa cada dia a ser nova e é a mesma sempre.”

Aqui, a lua é vista como cíclica e constante, enquanto o sol representa uma força inevitável da natureza. Outro poeta que escreveu mais um dos poemas viciantes é Vinícius de Moraes no soneto que retrata a lua e o sol é o “Soneto do Sol e da Lua”. Nele, o poeta faz uma delicada comparação entre o sol e a lua, símbolos de forças complementares e contrastantes:

Soneto do Sol e da Lua

Anda o sol por caminhos de violetas  

E o seu hálito aquece o coração.  

E ao seu encontro, a lua vem nascendo,  

Vem cheia de paixão.

Ah! se pudessem se encontrar um dia,  

E juntar seus destinos e seus astros,  

Que linda seria a vida, meu amor,  

Que doce harmonia de dois astros!

Mas o sol é tão forte e tão quente,

Que a lua com sua brancura pura

Não poderia resistir, nem de repente 

Ficar nua de toda a sua ternura.

E assim caminham, cada qual em seu destino,

O sol com sua força, a lua com seu desatino.

Nesse soneto, Vinícius aborda o sol como símbolo de força e calor, e a lua como representação de ternura e paixão, numa espécie de “amor impossível” entre eles, sempre distantes e sem a possibilidade de se encontrarem plenamente. Completamente compreensível, não é? A distância dos dois em milhares de quilômetros e o amor impossível entre opostos, um romance ardente e sofrido nos olhos dos poetas, músicos e escritores. Ver a noite de um jeito e o dia de outro depende de diversos pontos de vista realmente fantásticos, que é representado até pelos animadores de banda desenhada em Incrível Mundo De Gumball, o Sol e a Lua representando o fim do mundo no episódio “Apocalipse” pelo fenômeno astronômico eclipse.

É realmente impressionante como os astros viraram símbolos amorosos, artísticos, mitológicos e históricos durante a história terrestre; cada pintura, cada poema, cada canção, cada livro, cada cantiga, cada história colocando a essência solar e lunar em conjunto numa dança poética e cheia de sentimentos avassaladores. 

E agora, a pergunta que fica: se você pudesse escolher ser um deles, o que você seria – a tranquilidade e o mistério da Lua ou o brilho e a vitalidade do Sol?

-Sarah Souza, 10ºJ

Nota: Este artigo foi escrito por uma aluna brasileira, motivo pelo qual possui uma estrutura gramatical coincidente com o Português do Brasil.

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