A melhor parte de ver-te é ver nos teus olhos o meu reflexo. As tuas órbitas grandes e negras engolem-me para o teu abismo. Gosto de ver que me olhas, que existo no teu corpo, que faço parte do fúlgido espelho que te habita. Tenho medo de algum dia olhar para ti e ver uma negridão baça, um vazio profundo nos teus olhos. Ser apenas passado, uma história nostálgica que te lembres ao abrir algum baú envelhecido pelo tempo e encontrar-me lá, restrito a um porta-retratos partido. Quero ser-te, fazer parte da tua composição, ser o ar que respiras, o sangue que corre nas tuas veias e o sol que te cobre de um manto dourado. Sufoca-me este amor que te tenho, que destrói os meus tecidos, que mutila a minha alma e que me mata lentamente e dolorosamente. A morte que me leva quando nos teus olhos já não existir mais.

– João Araújo, 10ºL

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