Desde sempre que me foi embutida a liberdade de escolher ser o que quer que seja no meu futuro profissional. Nunca fui muito indeciso e tenho tendência em planear a minha vida com muito tempo de antecedência, se calhar até um pouco de mais. Parece que foi ontem que estava em chamada com os meus amigos a escolher o meu curso com 100% de certezas que este era o caminho a seguir e graças a deus consigo dizer que ainda não me arrependi.
Muitos podem dizer que a mudança para a faculdade é um choque, no meu caso não me conseguia sentir mais em casa. Sempre disse que Portimão era demasiado pequeno para conseguir albergar a minha personalidade e não menti. Lisboa é outro mundo, uma realidade completamente diferente da que estamos habituados nos corredores da Teixeira. Não tenho palavras para descrever o quão bem fui acolhido pela comunidade académica da minha faculdade assim como as pessoas que conheci e as experiências que vivi enquanto caloiro na Faculdade de Arquitetura.
Uma das melhores coisas é a liberdade que temos para nos organizar. Do nada temos de ser a nossa mãe o nosso pai e arranjar maneira de não nos perdermos a nós mesmos pelo caminho. As responsabilidades e noção pelo que é gerir um apartamento ao mesmo tempo que tentas ter vida social e académica não é fácil, mas com esforço e dedicação tudo se faz. Posso dizer que o tempo pré-covid na faculdade foi das melhores fazes da minha vida, viveres com os teus amigos, estudares o que mais amas na cidade que respira movimento e agitação, foi tudo o que eu podia imaginar e mais… mas como o que é bom dura pouco não consigo deixar de referir o ano atípico que passámos. Não vou mentir e dizer que não me afetou. Do nada, tudo o que eu mais queria e trabalhei para alcançar nos meus 3 anos de secundário desapareceu, restou o curso adaptado a online, contudo a luta continua e faço a minha parte para voltar um dia a ter a experiência que tive no meu primeiro ano.
Quem lê este artigo deve pensar que eu não ligo nada aos estudos e cadeiras da universidade. Graças ao meu trabalho e dedicação tenho conseguido acabar todas a minhas cadeiras com sucesso, mas se me perguntarem se é o mais importante eu respondo logo que não. As cadeiras dão-te as bases e conhecimento para seres culto numa determinada área, contudo quanto mais pessoas e contactos conseguires angariar melhor porque será com essas pessoas que um dia mais tarde vais trabalhar. No final das contas vamos todos acabar com uma licenciatura em Design de Moda ou outra qualquer e como é óbvio temos de dar o nosso máximo e tentar ter as melhores notas, mas o meu conselho é ir para além disso, é procurar saber e conhecer pessoas, projetos e conceitos que transcendem uma aula de Design de 4horas e meia.
O meu percurso académico não podia deixar de estar marcado pela a Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitetura (AEFA). É com muito orgulho que consigo dizer que já vou no meu quarto ano de associativismo, dois anos maravilhosos na Teixeira e mais dois na Faculdade de Arquitetura. Não consigo imaginar já o que é a faculdade sem o stress de uma associação por trás, contudo no final vale sempre a pena. Uma coisa que trago desde os meus anos de secundário é o facto de querer ajudar os estudantes e fornecer as tais ferramentas e capacidades que não aprendemos nas aulas habituais e ao mesmo tempo conhecer pessoas maravilhosas que vou levar para o resto da minha vida. Para concluir quero só deixar o concelho mais básico de todos mas que não se deixa de aplicar: aproveitem cada momento, cada oportunidade, cada experiência que a faculdade vos proporciona, arranjem uma causa, um propósito para o qual queiram trabalhar para o resto da vossa vida, mas acima de tudo sejam felizes.
-David Coelho
