Artistas Portugueses: Carlos Torres

Neste artigo, vamos-vos apresentar um artista que reside atualmente aqui na nossa cidade de Portimão, o designer Carlos Torres. Preparámos uma curta entrevista com o mesmo, e para complementar uma pequena biografia para contextualizar.

Breve Contextualização

Carlos Torres nasceu no Lubango, Angola, em 1965, e durante a sua juventude foi apurando a sua paixão pelo mundo das cores, à qual contribuíram as suas passagens pelo Namíbia e África do Sul, que lhe suscitaram novas perspetivas sobre o mesmo.

         Aos dezoito anos de idade, instalou-se em Portugal, onde acabou por concluiu um curso superior em 1993, na Universidade da Madeira, conferindo-lhe assim um bacharelato em Belas Artes e uma licenciatura em Design Gráfico, sendo que foi com a esta última que Carlos desenvolveu grande parte do seu percurso profissional.

         Depois de ter trabalhado como designer em algumas empresas nas regiões da Madeira e do Algarve, tem sido responsável por projetos de sinalética de renome internacional, dos quais os Fóruns de Viseu, do Montijo e de Coimbra, e o Centro Comercial Xanadu, em Madrid.

         Apesar de toda esta experiência que ganhou a trabalhar como designer, é nas aguarelas que Carlos se sente realizado. Participa em diversos eventos coletivos, de artistas e artesãos, maioritariamente na região do Algarve, e foi inclusive convidado para os monumentos portugueses considerados Património Mundial, como o Mosteiro dos Jerónimos, o Mosteiro de Alcobaça, o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, em Tomar. Estas obras podem ser adquiridas nas lojas dos respetivos Museus.

         Carlos veio a realizar várias exposições, tanto individuais como coletivas, nomeadamente nas Cidades de Coimbra, Portimão, Silves, Setúbal e Plasencia (Espanha). Quando pinta paisagens urbanas, o artista pretende dar a conhecer, através de uma técnica tão delicada como a aguarela, as cores fortes da cidade, os seus ambientes e intimidade.

Entrevista:

De onde vem a sua paixão pela arte? Onde começou e como surgiu?

“A minha paixão vem desde pequenino. Sempre gostei de desenhar, logo a minha ligação à arte teve um percurso mais ou menos natural. O meu pai estava ligado à arquitetura, desenha muito bem, habituei-me ao desenho desde muito novo. Inicialmente pensei seguir arquitetura, depois optei pelo design.”

Como correu o percurso académico e como foi a sua transição para o mercado de trabalho na área de design?

“O meu percurso académico correu muito bem. Não era o aluno mais aplicado, mas conseguia tirar boas notas, trabalhava num atelier de arquitetura e ainda arranjava tempo para conviver e me divertir. Acho a componente do convívio fundamental na vida universitária, ajuda-nos a crescer. No final do curso fui recrutado para trabalhar no departamento de design do Diário de Notícias da Madeira. Posteriormente, vim para o Algarve, trabalhei como freelancer, depois numa empresa em Vilamoura, o Atelier do Sul. Em 1998 fui sócio fundador da empresa Motivográfico em Loulé, onde trabalhei vários anos. Posteriormente, fui-me interessando mais pela pintura e pelo artesanato, com um espaço comercial na Praia da Rocha e a participação em exposições, embora tenha mantido sempre a ligação ao design.”

Como foi trabalhar na área de design, em cidades mais pequenas em relação a oportunidade e ao reconhecimento?

“Embora o mercado de trabalho no Algarve tenha as suas limitações, tive a sorte de colaborar com empresas de dimensão nacional e até internacional. Especializei-me na área da sinalética e, tanto no Atelier do Sul como na Motivográfico, estive envolvido em projetos de grande dimensão, não só na conceção visual, como na sua execução e implementação. Fomos responsáveis por mais de 10 centros comerciais, supermercados, expositores e stands de exposição, imagem de marca e diverso material gráfico. Embora as empresas não fossem de grande dimensão, trabalhei em projetos importantes a nível nacional, logo o facto de estarmos longe dos grandes centros nunca foi para mim um grande problema. No entanto, reconheço que vivemos numa zona em que as oportunidades são mais escassas devido à dimensão do mercado.”

Como descobriu a sua grande paixão pelas aguarelas, e como a foi desenvolvendo?

“Sempre pintei, embora durante um grande período da minha vida profissional me tenha dedicado mais ao design. Quando abri o meu espaço comercial, Aquele Abraço, na Praia da Rocha, comecei a dedicar-me mais ao artesanato de autor e pintura. Estabeleci parcerias com o Turismo do Algarve e com a Direção Geral do Património Arquitetónico para a exposição e comercialização das aguarelas nos postos de turismo e museus património da Unesco (Mosteiro dos Jerónimos, Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaça e Convento de Cristo). Expus em hotéis e participo, como artista convidado, na exposição permanente da Associação de Artesãos e Artistas Plásticos de Monchique, na Foia, Monchique.”

Quais as suas maiores influências no mundo artístico?

“Não posso dizer que tenha um artista ou designer que me tenha marcado profissionalmente. O que tenho é algumas obras de referência que me inspiraram ao longo do meu percurso, embora seja incontornável nomear alguns artistas como Stark, Picasso, Turner, van Gogh, Gaudi e tantos outros.”

E assim concluímos esta pequena entrevista com Carlos. Esperamos que tenham tido um bom pequeno momento de leitura, e que tenham ficado interessados no trabalho deste artista que reside atualmente em Portimão. Achamos que é sempre importante realçar e apoiar o trabalho destes artistas, uma vez que, nos dias atuais, estes passam muitas das vezes despercebidos no nosso meio.

Obrigado e até ao próximo artigo!

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