Quem É A Marsha P Johnson?

Marsha P Johnson (1945-1992), foi uma mulher negra transsexual, ativista, a voz de uma geração que lutou pelos direitos da comunidade LGBTQ+ durante a década de 60 e de 70, ou, como se chamava na altura, a luta pela libertação LGBT.

Marsha nasceu em 1945 em New Jersey, nos Estados Unidos da América, filha de um operário e de uma empregada doméstica, viveu com os seus 6 irmãos até terminar o ensino secundário. Aos seus 17 anos de idade, abandona a sua casa e vai viver para New York apenas com uma mala, quinze dólares e a sua pessoa. Ficou a trabalhar como empregada de mesa três anos, o tempo que demorou para conhecer novas pessoas da comunidade LGBT, ganhando assim esperança no seu sonho de ser a pessoa que era, abertamente e para todos.

Começa-se a identificar como uma drag queen (personagens criadas por artistas performativos que se vestem de mulheres de forma cómica, ou exagerada, com o intuito geralmente profissional artístico) no qual adotava o nome de Black Marsha. Apesar do uso do termo não ter qualquer ligação a questões de género, Marsha começou a identificar se como uma mulher usando “elementos femininos” no seu dia a dia, e não só nas suas performances.

Em 1966, com um cenário mais sombrio, começa a viver na rua. Na tentativa de sobreviver e ganhar dinheiro, começou a fazer trabalhos sexuais, o que fez que fosse presa inúmeras vezes devido, principalmente, à perseguição de gays e transsexuais. Devido a esta grande injustiça, Marsha começou a protestar e a exigir a sua libertação.

A 28 de junho de 1969, o bar Stonewall Inn, Manhattan, bar reconhecido como gay, foi invadido pela polícia, onde agrediram a maior parte das pessoas que lá se encontravam. Foram presas 13 pessoas, a maioria transsexuais e drag queens, com a acusação de “violação do estatuto de vestuário”, que na época consistia em ter vestidas pelo menos três peças de roupa “apropriadas” ao género de cada um.

Sendo estes ataques, feitos a bares e a centros da comunidade LGBTQ+, uma prática frequente da polícia, surgiu então a famosa revolta de Stonewall, um conjunto de protesto feitos pela comunidade LGBTQ+, a exigir os seus direitos e mostrar com orgulho simplesmente serem quem são.

Este conjunto de protesto fez surgir os primeiros movimentos da comunidade, incluindo a primeira parada de orgulho, exatamente ano depois, 28 de junho de 1970, tornando-se assim algo com proporções mundiais.

No mesmo ano, Marsha e Sylvia Rivera, outra grande ativista que lutou direitos da comunidade LGBTQ+, alugaram uma casa, fundando a S.T.A.R- Street Transvestite Action Revolutionaries (Ação de Transexuais de Rua Revolucionárias), que consistia numa organização que dava abrigo, comida e roupa, a jovens trans e drag queens que viviam nas ruas.

        Apesar de Marsha, já um ícone mundial, ser uma das grandes vozes do movimento, conhecida pelo seu papel ativo desde a organização de manifestações, a paradas, na defesa local, especialmente marcada pelos duros confrontos contra a polícia, não esquecendo o longo período de tempo que viveu na rua, onde teve de recorrer à prostituição para sobreviver, continuou solidariamente a partilhar isso com as pessoas, demonstrando uma grande força, coragem e resiliência.

No dia 6 de julho de 1992, aos 46 anos, é encontrada morta no rio Hudson, e a polícia de Nova York declara o caso como suicídio. A 2012, ativista Mariah Lopez realiza uma campanha para tentar esclarecer os contornos da morte de Marsha, onde o caso foi aberto como possível homicídio.

Com o intuito de continuar o legado de Marsha, a ativista Elle Hearns fundou o instituto Marsha P Johnson Institute, uma organização que atua para garantir os direitos de mulheres trans negras.

Para terminar este artigo, quero apenas dizer que escolhi fazer esta minibiografia por ser uma mulher muito importante na história desta comunidade. Acho que é sempre importante relembrar a história das pessoas que lutaram pelos nossos direitos e, que neste caso, morreram por eles, entre tantos outros. A simples ideia de viver num mundo onde podemos ser livres e ser a nossa própria pessoa, sem o esconder por motivos de sobrevivência, por receio que o resto do mundo nos esmague, é a estas pessoas que o devemos, e a melhor maneira de as honrar é a conhecer a sua história e continuar com a sua luta.

-Maria Marques

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