Olá Teixeirenses,
Venho falar-vos sobre Beethoven e Franz Schubert, compositores com vidas cruzadas (ou quase). Além disso, venho dar-vos a conhecer algumas curiosidades sobre ambos e as suas obras.
Quem nunca ouviu falar sobre a 9ª sinfonia de Beethoven (1770-1827)? Imagino que poucos, visto que esta é muito conhecida por ter sido escrita pelo músico já completamente surdo e de qualquer forma é uma obra de tão grande impacto e beleza.
Sobre as sinfonias de Ludwig Beethoven há alguns pormenores e curiosidades que adoro como o facto da 3ª Sinfonia, a “Heróica”, ter sido, inicialmente, uma homenagem a Napoleão Bonaparte, que Beethoven admirava. No entanto, com a auto-proclamação de Bonaparte, Beethoven riscou a sua homenagem primordial e escreveu “à memória de um herói”. Algo que, na minha opinião, é nobre visto que marcou a sua oposição de uma forma notável mas sem recorrer à violência.
A sua 6ª Sinfonia, a “Pastorela”, também dá que falar pois este nome não é sem sentido e a música bucólica não é aleatória. A revolução industrial e a abundância de pessoas em cidades refletiu-se nas artes através da atração pela vida pastoral e natural, daí Beethoven e tantos outros compositores terem composto com a visão neste estilo de vida. Nunca devemos esquecer que a arte é uma reflexão da mente, das ideias e perceções que cada artista tem, daí a arte estar sempre em concordância com o período social pelo qual o mundo está a passar no momento da criação.
Em 1827, Franz Schubert (1797-1828), o maior fã de Beethoven, se é que posso assim dizer, alimentou a esperança de conhecer, finalmente, o seu mestre porque Beethoven costumava passar as suas férias de Verão em casa de um amigo de Franz. Infelizmente, o encontro não teve lugar dado que Beethoven faleceu na primavera desse ano. No ano seguinte, Schubert adoeceu e nos seus delírios chamava Beethoven em grandes gritos. Faleceu de Tifo a 19 de novembro de 1828 com apenas 31 anos, e o seu único pedido foi ser enterrado perto de Beethoven e assim aconteceu, está a descansar eternamente ao lado do compositor de “Fidelio” (a única ópera de Beethoven).
Falando agora apenas sobre Schubert, sou bastante fã dos seus “lieder” (plural de “lied”- canção em alemão). Adoro lieder em geral mas os de Schubert tocam-me bastante pela beleza e cuidado com que foram compostos. Um dos meus favoritos é “Gretchen am Spinnrade” (“Margarida na roda de fiar”), o qual fala sobre Gretchen, uma menina a qual o amor com Fausto é proibido e por esse motivo entra num estado de desespero que é intercalado com as lembranças do seu amado. O Piano e a melodia da voz transmitem o estado de espírito da personagem feminina que fala na primeira pessoa, já o piano transmite-nos a ideia do movimento da roda de fiar e acho que estes pormenores são os que dão a beleza e o contraste às lieder de Schubert.
-Maria dos Anjos