Separar o lixo e reciclá-lo, fazer compostagem, mudar todas as lâmpadas, tomar banhos mais breves, fechar a torneira a lavar os dentes, desligar a luz ao sair do quarto e utilizar a bicicleta como meio de transporte geral serão medidas suficientemente drásticas para salvar o nosso planeta após décadas de abuso do nosso milagre azul e dos seres sencientes que connosco o partilham?
O que ninguém quer que se saiba:
➢ A principal causa do desequilíbrio do nosso planeta e da atual crise climática é a indústria animal (pecuária). Atualmente 45% da superfície terreste é utilizada para a pecuária e todos os recursos a ela inerente. A indústria da carne e lacticínios produz mais gases do que todos os carros, camiões, barcos e aviões juntos, isto pelo metano existente no processo digestivo das vacas, sendo 86 vezes mais destrutivo do que o dióxido de carbono.
➢ Esta indústria é também a maior responsável peladestruição da amazónia (91%), tal como a pesca industrial é a principal causadora da destruição dosnossos oceanos. Isto inclui a devastação de habitats e extinção de muitas espécies de animais.
➢ A desflorestação da amazónia tem como principal objetivo a criação de pastos para a pecuária e campos de plantação de soja para alimentação de vacas, porcos, galinhas e até peixes de aquacultura, para consumo humano.
➢ Os animais tinham a nossa liberdade e representavam 99% da biomassa, enquanto agora os animais selvagens representam apenas 2% do nosso planeta.
➢ A utilização em massa de antibióticos na produção animal para consumo humano é uma grande fonte de preocupação dentro da comunidade científica, devido à adaptação do nosso sistema imunitário e resistênciaa este tipo de medicação, sendo cada vez mais difícil o combate a múltiplas doenças.
Outra das provas em como os nossos hábitos alimentares não são sustentáveis é o facto de que, se os grãos e cereais produzidos no planeta fossem todos diretamente para a alimentação humana, não haveria fome no mundo. Mas uma vez que a grande maioria é produzida para consumo animal, o alimento depois não chega a todos (diariamente o ser humano consome cerca de 20 mil milhões de litros de água e 10 mil milhões de kg de comida, enquanto que somente as vacas do mundo, diariamente consomem 170 mil milhões de litros de água, 30% do consumo total, e 61 mil milhões de kg de comida).
Então, sendo assim, se passarmos todos a comer só peixe a nossa alimentação torna–se mais ética e sustentável, certo?
Vamos analisar. Se a amazónia (floresta) é um dos grandes pulmões do nosso planeta, o outro grande pulmão é o oceano. Anualmente o oceano absorve 4 vezes mais dióxido de carbono do que a amazónia (através do fitoplâncton) e gera ainda 85% do oxigénio. Proteger a vida marinha é proteger o nosso planeta. Se os golfinhos, baleias e tubarões morrerem, os oceanos morrem e se os oceanos morrem, nós morremos.
➢ Cerca de 40% dos seres marinhos apanhados são considerados pesca acessória e devolvidos ao mar, mas a maioria chegam á água já sem vida. Pesca acessória (ou by catch) são todos os animais marinhos não utlizados para consumo humano(tartarugas, golfinhos, tubarões, focas, baleias, etc.) que acabam presos e mortos nas redes. Existem redes de pesca de arrasto tão grandes que podiam apanhar catedrais ou até 13 aviões grandes. A pesca de arrasto dizime 1.5 mil milhões de hectares anualmente, equivalente a perder 4316 campos de futebol por minuto.
➢ Os rótulos de pesca sustentável escondem o que realmente acontece nos oceanos, não passando de uma mentira, uma vez que não existe controlo real nesta indústria sendo o fator mais importante para a mesma o lucro (apenas 1% do oceano é controlado).Outra indústria milionária ligada á pesca é o comércio de barbatanas de tubarão, consideradas uma “iguaria” na Ásia. Devido a esta, várias espécies de tubarões já perderam entre 80% a 90% da sua população.
É importante também referir que a maioria do plástico presente nos oceanos pertence a redes e materiais da pesca industrial e não diretamente dos resíduos urbanos. Estesplásticos por sua vez dissolvem-se em microplásticos, que são assimilados pelos peixes, posteriormente consumidos pelos humanos. Outro perigo do consumo de peixe, para a nossa saúde, é o excesso de mercúrio em algumas espécies. As principais fontes de mercúrio podem encontrar-se em resíduos de vulcões, incêndios, processos de combustão e incineração. Para além do já citado, também a pecuária contribui para a poluição das águas e das espécies que nelas coabitam. A pesca industrial, e consequentemente a sobrepesca, levou muitas espécies de animais marinhos quase á sua extinção absoluta. Se continuarmos assim vamos ter os oceanos praticamente vazios até 2048.
Quer dizer que, se consumirmos apenas peixe de viveiro (aquacultura), é mais saudável e ecológico?
Falemos agora da aquacultura. A aquacultura consiste na criação, cultura ou produção de organismos aquáticos, como peixes, moluscos e crustáceos para consumo do homem.
➢ Cerca de 50% do peixe consumido vem de aquaculturas.
➢ Estes animais são alimentados por rações processadas e com estimulantes artificiais para crescimento e cor (salmão).
➢ Vivem em espaços sobrelotados e muito reduzidos, propícios á propagação de variadas doenças e pragas (parasitas), sujeitos a químicos nocivos á saúde humana e antibióticos como tentativa de controlo de mortalidade e consequentemente perda de lucro.
➢ Mesmo assim acumulam-se inúmeros peixes mortos e em decomposição junto aos sobreviventes que seguem para a nossa alimentação. Todos estes resíduos contribuem igualmente para a poluição dos oceanos.
➢ Quando as pragas já se encontram num nível de difícil controlo, os peixes são sugados por máquinas, que através de baixas temperaturas e pressão, limpam o peixe e despejam-no novamente para a zona cativa.
➢ Tal como os mamíferos e as aves, os peixes também são seres sencientes, sensíveis á dor e ao sofrimento.
Por todos os motivos acima mencionados chega-se á conclusão que já não existe peixe “limpo”, apenas peixe doente e contaminado.
Outros números (escandalosos) curiosos:
➢ Para produção de um hambúrguer de vaca de 113 g, são gastos 2498 litros de água;
➢ Mais de 28 mil milhões de animais foram retirados do oceano em apenas um ano;
➢ Somente a indústria de gado ocupa 55 milhões de hectares de florestas tropicais;
➢ Pela diminuição notável de peixe no mar, a existência de aves marinhas diminuiu 70% por falta de alimento;
➢ Mais de 1110 ativistas foram assassinados no brasil, apenas entre 1994 e 2014, por manifestarem a influência da agricultura animal na desflorestação amazónica;
➢ Em média, os tubarões matam cerca de 10 pessoas anualmente, e comparativamente, matamos entre cerca de 11 mil a 30 mil de tubarões por hora;
➢ Por hectar, as plantas marinhas absorvem cerca de 20 vezes mais de dióxido de carbono do que as florestas;
➢ Mais de 93% do CO2 está no mar, e perder 1% deste ecossistema é equivalente a libertar emissões de 97 milhões de carros.
A maior ação que podemos tomar como indivíduos, para salvar o nosso planeta, é alterarmos os nossos hábitos alimentares para uma alimentação à base de plantas (plant-based). Nenhuma pessoa pode fazer tudo, mas todos podemos fazer alguma coisa. O ser humano que não consome produtos de origem animal, é um ser mais saudável, mais ecológico e mais HUMANO para com os seres que connosco coabitam este planeta.
Todos os dias, um vegano salva/poupa:
✓ 4164 Litros de água;
✓ 20 Kg de cereais;
✓ 3 Metros quadrados de florestas;
✓ 9 Kg de CO2 e pelo menos;
✓ 1 Vida animal.
Sugestões de Documentários:
Cowspiracy, Seaspiracy, Earthlings, Dominion, Glass Walls, What the health, Thegame changers, Before the flood, Eating our way to extinction, Milked
Sugestões de Livros: Porque gostamos de cães, comemos porcos e vestimos vacas (Melanie Joy), O jardim dos animais com alma (José Rodrigues dos Santos), This is Vegan Propaganda (Ed Winters), Green Print, a Pegada Verde (Marco Borges), Animal Kind (Ingrid Newkirk e Gene Stone), Salvar o planeta começa ao pequeno-almoço (Jonathan Safran Foer), Libertação Animal (Peter Singer)