As nossas ações têm consequências.

Vivemos numa sociedade consumista, que produz mais do que precisa, que diz que mais é melhor. Vivemos numa sociedade ingrata, que não aproveita enquanto tem, e desperdiça enquanto pode. Esta sociedade começa a despertar, apercebendo-se que os seus recursos estão a esgotar-se, a abundância que uma vez teve já não existe.

Para combater este problema, as grandes organizações e empresas deram um novo significado à palavra “sustentável”. O seu significado inicial seria “realizado de forma a não esgotar os recursos naturais nem causar danos ambientais”. Porém, pesquisas recentes mostram que certos produtos comercializados como “sustentáveis”, não são capazes de confirmar a sua origem, bem como a verdade dessa sustentabilidade ao longo do processo de fabricação.

No mundo da produção têxtil, tem sido vendida, mais recentemente, roupa feita com algodão orgânico. O marketing destas peças de roupa ilude-nos, faz-nos pensar que este tipo de algodão é produzido da forma mais eco-friendly, sem conseguirem comprovar tal coisa. O problema neste setor reside na produção em massa de roupa de pouca qualidade, conhecido como fast-fashion. Esta indústria tornou-se na segunda mais poluente do mundo, graças à utilização de tintas de baixa qualidade, insolúveis ou produtos à base de metais pesados. Para a produção de uma simples t-shirt de algodão, são necessários cerca de 2700 litros de água, que equivale à quantidade de água que um adulto bebe em 2 anos e meio.

A destruição do planeta é provocada não só pela roupa que vestimos, mas também pela comida que comemos. Mais uma vez encontramo-nos numa situação onde se produz mais que o necessário. Para aumentar a produção de carne, instalou-se um sistema de confinamento, onde se encontram mais animais no menor espaço possível, tendo o máximo de controlo. Estes animais são alimentados à base de milho e soja, o que traz prejuízos ao meio ambiente, embora seja ração mais utilizada e onde há mais investimento. A produção de 1kg de carne bovina, requer cerca de 15.000 litros de água. Este número assustador, tem de nos fazer mudar de ideias em relação à quantidade de carne que consumimos. Estudos recentes revelam que um adulto português deve comer, no máximo, 28 gramas de carne por dia, para garantir alimento para as gerações futuras.

Muitos deixam de comer carne por questões éticas, mas pouco se fala na desumanidade que envolve a pesca. Este setor é responsável pela dizimação da biodiversidade e de ecossistemas em que nós nos apoiamos para equilibrar o nosso planeta. Em alto mar, é difícil haver um controlo sustentável do peixe que se apanha. Isto deve-se ao facto de os predadores trazerem à superfície o peixe que pescamos, e acidentalmente o predador vem na rede de pesca. Mais de 300.000 mil golfinhos e baleias são mortos por ano, por pesca acidental. Este acontecimento é tão recorrente que as grandes empresas tentam encobrir este tipo de pesca com rótulos como “atum sem risco para golfinhos”. Se continuarmos com este ritmo de pesca intensiva, os nossos oceanos estarão esgotados em 2048.

Será que existe algo produzido de forma sustentável? A verdade é que temos de duvidar da origem dos produtos que nos são vendidos. Sendo o ambiente uma preocupação cada vez maior de muitas pessoas, transformou-se num mercado apetecível para os produtores dos mais variados tipos de produtos. Os recursos naturais são explorados de forma a gerar lucro, que parece ser a maior preocupação desta sociedade. Podemos tentar combater estas fraudes, exigindo às empresas uma supervisão mais apertada do que acontece nas fábricas, sistemas de confinamento e barcos, coisa que já deveria estar em prática. É preciso o mar ficar vazio para que a sociedade mude os seus hábitos?

-Laura Marques

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