No meu ponto de vista, a obra “Os Maias” acaba por ser intemporal, uma vez que muitas das críticas apresentadas ainda são visíveis na sociedade atual. Uma delas é apresentada no capítulo XV : a podridão do jornalismo. Palma Cavalão, diretor do jornal “A Corneta do Diabo”, mostra o pior lado da imprensa quando se preocupa mais com a quantidade de pessoas que vão ler o jornal do que com a qualidade do artigo em si. Para além disto, prefere mostrar o lado pior das pessoas. Atualmente existem diversos casos semelhantes na comunicação social: canais de notícias, cujo nome aqui não vou nomear, exploram o lado “feio” da população quando apresentam sempre o mesmo tipo de notícias (homicídios, violações, tragédias…).
Por outro lado, na obra existe a crítica à conceção da educação das mulheres, bem como a forma como elas se vestem. Podemos observar este caso no capítulo XII no Jantar na Casa dos Gouvarinho onde é dito ” Decerto que o lugar da mulher era junto do berço, não na biblioteca”. Hoje em dia, existem inúmeras formas de discriminação contra as mulheres: em muitos países somos proibidas de receber educação escolar e, em quase todos, somos julgadas pelo que vestimos, a forma como falamos, como nos comportamos…Ainda por cima somos sujeitas a ouvir frases como: “Isto não é para meninas”; “Com aquela roupa estava mesmo a pedi-las”, etc.
Por fim também são criticados outros aspetos como as réplicas sistemáticas de modelos importados, a ignorância e mediocridade mental de alguns políticos, a decadência de Portugal, a ostentação e superficialidade da sociedade”. Estes aspetos apresentam uma caricatura de uma sociedade antiga portuguesa que ainda está muito presente, atualmente.
Portanto, posso afirmar que a obra literária “Os Maias” é uma obra importantíssima na literatura portuguesa, não só pela forma como foi escrita, mas pela genialidade do autor em fazer não só um livro, mas uma crítica intemporal à sociedade portuguesa.
-Leonor Mourão